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Que eu um dia possa ser uma boa mãe e você também.... Quem sabe?!
domingo, 30 de janeiro de 2011
A culpa não é minha!
Ouvimos e proferimos a exclamação do título desde pequenos. Parece ser um dos atos mais humanos sentir culpa. Contudo, ninguém gosta de senti-la, tanto é assim que os ataques mais fortes da psicologia no século XX tiveram como alvo a culpa. Entretanto, como pude observar em meu trabalho de mestrado, que teve como objeto a poesia do açoriano Vitorino Nemésio (1901-1978), a culpa não é, a priori, um mal que deva ser extirpado, já que por vezes pode ser um alarme de incêndio. Negá-la seria uma sandice, pois se a casa está pegando fogo, o melhor é agir para evitar danos piores. Na voz do poeta, a culpa assume por vezes tons amargos para depois apresentar um ressurgimento, como no belo poema O pão e a culpa. Após relembrar um passado feliz, vê com desgosto o presente e escreve: Se não parto na mesa o pão que posso Contudo, a segunda parte do poema, após a confissão de culpa, assume um tom de resgate da existência. Invoca o nome de uma mulher que foi sua mestra na infância (dizem alguns ter sido sua professora de catecismo):É minha a culpa LUCINA! Após essa lembrança, diz o poeta a essa interlocutora que perdeu os valores da infância e hoje sua vida é vazia:Nas coisas simples te vejo Com a presença divina Que foi teu fito e desejo Bem traçaste a portada E, no fim dessa “confissão” a uma pessoa que já partiu, escreve, criando uma bela imagem de mulher delicada e santa:Que os meus versos teriam... Enchi o livro de nada! Mundo e carne mais podiam. Mas a silêncio um dedo A culpa, para o poeta, foi o ponto de partida para uma renovação, expressa nas palavras: “É cedo/ em Deus sempre”, ou seja, a culpa que sentia foi apagada pela percepção que, para recomeçar, para se viver a felicidade, não há passado, apenas presente.Levas à boca fina No Céu, e eu creio. É cedo Em Deus sempre, Lucina. A culpa só esmaga a pessoa quando ela tenta enganar a sua consciência. Essa tentativa é real, pois, como explica a etimologia da palavra, consciência é “estar ciente”, “ter conhecimento”. Mal comparando, a culpa é como uma gastrite, que é a inflamação do estômago. No caso, é uma inflamação da nossa consciência, que “armazena” nossas ações passadas e nossos valores. Caso os atos do presente não correspondam ao que aspirávamos e víamos como certo, a consciência inflama-se. Se não tratada, transforma-se em uma úlcera. O tratamento, como bem sabemos e como o poema manifesta é “retificar-se”, ou seja, tornar reto, corrigir, reparar. Note o leitor que deixei propositalmente de lado os casos mais particulares como, por exemplo, quando uma pessoa, por ser escrupulosa, culpa-se por tudo. Quis apenas demonstrar os mecanismos de um sentimento comum e que pode ser curado. O problema não está em sentir culpa, como afirmam alguns, pois é um sentimento humano. O que pode ser grave para uma pessoa é não retificá-la, não apagar essa culpa, já que a úlcera da consciência é o remorso. A culpa, na verdade, está ligada à responsabilidade. Quando ela passa de sentimento a culpa concreta, ou seja, sinto-me mal em um primeiro momento e depois vejo que agi mal em alguma coisa, a pessoa que a sofre entende ser responsável por seus atos. Talvez em campos como política e educação, por exemplo, um pouco mais de culpa não faria mal a ninguém... Já me permito sentir culpas e retificá-las.... |
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Mulheres Possíveis
'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. Portanto, sou ocupada, mas não uma Workaholic. Primeiro: a dizer NÃO. Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás. Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero. Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros. Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho. Você não é Nossa Senhora. Você é, humildemente, uma mulher. E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo. Tempo para fazer nada. Tempo para fazer tudo. Tempo para dançar sozinha na sala. Tempo para bisbilhotar uma loja de discos. Tempo para sumir dois dias com seu amor. Três dias. Cinco dias! Tempo para uma massagem. Tempo para ver a novela. Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza. Tempo para fazer um trabalho voluntário. Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto. Tempo para conhecer outras pessoas. Voltar a estudar. Para engravidar. Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado. Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir. Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal. Existir, a que será que se destina? Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra. A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem. Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si. Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela. Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores. E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'. |
Martha Medeiros |
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