terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

OTIMISMO


"Confia razoavelmente em suas próprias possibilidades, e na ajuda que lhe podem prestar os demais, e confia nas possibilidades dos demais, de tal modo que, em qualquer situação, distingue, em primeiro lugar, o que é positivo em si e as possibilidades de melhora que existem e, a seguir, as dificuldades que se opõem a essa melhora, e os obstáculos, aproveitando o que se pode e enfrentando os demais com esportividade e alegria".

A MANEIRA PESSOAL DE VIVER O OTIMISMO

1. Confio razoavelmente em minhas próprias capacidades, qualidades e possibilidades de tal maneira que aproveito muitas delas. 
(O otimismo se baseia na confiança. A pessoa desconfiada, em qualquer sentido da palavra, tende a não aproveitar suas possibilidades. Não vê mais que as limitações).

2. Confio razoavelmente nos demais. Habitualmente descubro o que há neles de positivo. (É possível ser otimista com respeito a si próprio mas não com respeito aos demais. Sempre se pode descobrir algo positivo nas pessoas com as quais nos relacionamos).

3. Confio em Deus de tal maneira que, mesmo que não entenda o sentido de algum acontecimento a nível humano, habitualmente compreendo que tudo é para o bem. 
(Surgem na vida da maioria das pessoas situações em que não seria razoável continuar sendo otimista a nível humano. Por exemplo, ao morrer uma criança, uma doença grave, uma desgraça econômica. Unicamente a fé sobrenatural permite descobrir algo bom nelas).

4. Em situações difíceis, faço um esforço para buscar soluções positivas, tentando superar a tendência de queixar-me.
(É fácil ser otimista em situações positivas. Em troca, quando as coisas vão mal é possível que passemos queixar-nos e lamentar-nos ou a acusar a outros de serem os responsáveis pela situação).

5. Em qualquer situação busco o positivo em primeiro lugar. 
(Não se trata de falsificar a realidade, mas sim de saber buscar o positivo em primeiro lugar. É um hábito que se pode desenvolver).

6. Sou realista e habitualmente sei enfrentar-me com as dificuldades esportivamente. 
(Mesmo que tentemos descobrir o positivo, objetivamente pode haver muitos problemas. O otimismo leva à pessoa a enfrentar-se com eles esportivamente).

7. Distingo entre o que é aproveitável e o que não o é, e assim chego a otimizar o primeiro. 
(O falso otimismo ou um excesso de otimismo levaria à pessoa a tentar aproveitar o que não se pode, a simular, a enganar-se ou a enganar aos demais).

8. Em geral, consigo enfrentar-me com a vida com um positivo sentido do humor. 
(O bom humor permite assumir a responsabilidade da própria vida sem sentir-se abatido ou desgraçado).

9. Entendo que se trata de ser otimista com o fim de aproveitar todos os talentos que Deus me deu, com o fim de contagiar a alegria de viver aos demais e com o fim de viver como um autêntico filho de Deus. 
(É possível que se tente ser otimista simplesmente para não sofrer, para sentir-se mais à vontade ou por comodidade).

10. Me encontro habitualmente com paz interior, que ajuda a superar o desalento. 
(Esta paz interior não é algo que se possa desenvolver como virtude. É, na verdade, um indicador para saber se está vivendo habitualmente a virtude do otimismo).

A EDUCAÇÃO DO OTIMISMO
11. Crio as situações adequadas para que os meninos/as possam viver suas vidas com alegria. 
(Se existe um ambiente de alegria é mais provável que os jovens descubram o positivo ao seu redor).

12. Centro minha atenção nos aspectos e condutas positivos dos filhos/alunos de tal maneira que ganham confiança em suas possibilidades. 
(É relativamente freqüente encontrar educadores que insistem constantemente no "melhorável" dos educandos, no que fazem mal. Esta atitude não motiva, não ajuda aos jovens a ser otimistas).

13. Ajudo aos jovens a conhecer-se, a ser realistas com respeito a suas próprias qualidades e capacidades, com o fim de aproveitá-las ao máximo. 
(Os meninos/as necessitam de ajuda para autoconhecer-se. Podem infravalorizar-se ou supervalorizar-se. Trata-se de ser realista).

14. Aproveito ou crio situações para que os meninos/as possam começar a andar sozinhos sem ajudar-lhes desnecessariamente. 
(Uma ajuda desnecessária é uma limitação para a pessoa que a recebe. Se os educadores ajudam muito, o otimismo dos jovens pode ser falso, já que depende exclusivamente da ajuda que recebem dos demais).

15. Mostro minha confiança e meu amor aos filhos/alunos de tal maneira que tenham a segurança necessária para assumir a responsabilidade de suas próprias vidas. 
(Não basta querer ou confiar. É necessário manifestá-lo. Unicamente assim muitos meninos/as se lançarão a realizar ações boas, aproveitando seus talentos ao máximo).

16. Quando acontecem coisas que são objetivamente negativas, por exemplo uma doença, a falta de lealdade de um amigo, uma reprovação em um exame, ajudo ao filho/aluno a adotar uma atitude positiva com o fim de tirar algo positivo dessas situações. 
(Não é necessário criar situações deste tipo. Logo surgirão. Entretanto, se algum jovem não parece fracassar nunca, ou não ter dificuldades especiais nunca, pode ser bom criar uma situação problemática com o fim de que aprenda a superar dificuldades e a fracassar. Certamente vai encontrar dificuldades em algum momento de sua vida e melhor será que aprenda a superá-las quando ainda é jovem).

17. Falo com os jovens com o fim de que descubram o que significa confiar em Deus. 
(Normalmente não se trata de grandes conversações, mas de preferência de pequenas chamadas de atenção, informações breves que ajudam a pensar).

18. Tento criar situações para que aqueles meninos/as que costumam fracassar tenham a oportunidade de ter êxito. 
(Assim pode crescer a confiança em si próprios. Se acostumam-se a fracassar em quase tudo, jamais serão otimistas, nem aproveitarão as capacidades e qualidades que possuem).

19. Promovo ações ou situações em que os meninos/as são autenticamente importantes. 
(Não se trata de que os jovens "se sintam" importantes, mas que sejam importantes. Enquanto se responsabilizem por tarefas de serviço aos demais, de cumprir com encargos relevantes etc. encontrarão a satisfação do trabalho bem feito e, com isso, crescerá seu otimismo).

20. Ensino aos meninos/as a pedir a ajuda necessária para realizar seus projetos.
(Os jovens necessitam saber quando convém pedir ajuda a seus pais, a seus professores ou a seus companheiros. Também têm que acostumar-se a pedir ajuda a Deus sabendo que assim tudo será para seu bem).

 Fonte: Portal da Família

Ainda no tema: "Para pais e educadores".... (e eu!)


A educação da percepção empática
David Isaacs
Seria absurdo pensar que, nestas breves linhas, vai ser encontrada a solução do problema da educação da percepção empática, quando tantos sábios, durante tanto tempo, estiveram estudando o tema sem chegar a um acordo a respeito das conclusões operativas.
A maioria dos psicólogos está de acordo em que é necessário empatia, apreço positivo e calor humano nas relações com os demais. Mas não está claro como viver nem como ensinar a empatia. Algumas pessoas nascem com ela; outras, não. Aqui se trata de oferecer uma série de sugestões para ajudar os pais na educação de seus filhos. Não é um programa, mas sim, pontos em que se pode começar a luta de superação pessoal.
Inicialmente pode-se pensar em alguns esclarecimentos que convirá fazer ao adolescente:
- Nem todos somos iguais. Cada um raciocina de modo diverso frente a distintos estímulos. Portanto, não se trata de acreditar que outra pessoa vai sentir o mesmo que alguém em uma determinada situação. Este problema, de fato, continua existindo nas pessoas adultas. Por exemplo, algumas pessoas dizem: "isto não me incomoda, por que tem que incomodar o outro?".
- O que dizem ou o que fazem as pessoas não é necessariamente reflexo fiel de suas intenções ou sentimentos íntimos. Antes de considerar quais são os fatores que estão influenciando mais em uma situação, se trata de saber qual é a situação real, não o que fica refletido no comportamento aparente.
- É muito fácil ser simplista, crendo que há só uma causa para um determinado problema. Normalmente existe um conjunto de causas. Não se trata de aceitar a primeira causa, percebida como a única verdadeira.
- Em situações normais -não em casos atípicos-, talvez o mais importante para outro é saber que alguém se preocupa por ele, mas que, ao mesmo tempo, respeita sua intimidade.
- Por último, não se trata de chegar a compreender completamente. Isso jamais será possível. A dificuldade fica refletida na contestação de um pai à sua filha adolescente, depois de a filha lhe dizer que não o compreende: "Minha filha, como vou compreendê-la se nem sequer você se compreende a você mesma?".
Poderíamos resumir, dizendo que a compreensão que buscamos deve traduzir em uma ajuda para que o outro chegue a compreender a si próprio, o suficiente para pôr os meios, a fim de superar sua dificuldade ou empreender uma luta de melhora.
De todas as formas, devem ser considerados diversos tipos de fatores que podem ter influenciado nos sentimentos ou no comportamento de uma pessoa, para diagnosticar melhor o problema. Em relação a estes fatores, existe a tentação de perguntar diretamente ao outro: "o que há com você?" e, claro, na grande maioria dos casos a resposta é: -"Nada".
Pode haver influenciado na situação:
- algo que fez anteriormente. Pode existir uma relação estreita entre um estado de tristeza em um filho, por exemplo, e o haver colado em uma prova;
- algo que deixou de fazer. Por exemplo, a relação entre um estado de tristeza e não ter estudado para uma prova;
- algo que outra pessoa lhe fez. A relação entre o castigo do professor, por ter colado, e o estado de tristeza;
- algo que outro não fez;
- algo que pensou, viu ou sentiu ou escutou.

Damos alguns exemplos nesta relação para explicar o difícil que pode ser conseguir descobrir qual é o problema real ou quais são as causas do problema. Por exemplo, ao notar que um filho está triste, poderia ter lhe perguntado diretamente para descobrir qual era a causa. Talvez respondeu que havia sido porque o professor o havia castigado. Mas, realmente foi assim? Poderia ter sido também porque o professor descobriu-o colando, ou porque se deu conta de que devia ter estudado mais, ou porque algum companheiro havia zombado dele por ter colado, etc.

A atuação do que quer ajudar será diferente em cada caso. Se o menino percebeu que não devia ter colado, tratar-se á de ajudá-lo a superar o desgosto, e a estudar mais. Mas se está triste porque foi descoberto pelo professor, a compreensão não deve apoiar este sentimento. A compreensão, portanto, não conduz necessariamente à aceitação do sentimento ou do comportamento do outro. A compreensão supõe ter descoberto o que realmente acontece ao outro, a seguir, de seu ponto de vista -portanto, aceitando-o tal como é-, buscar um caminho de melhora.
E como podemos desenvolver esta capacidade nos filhos? Ajudando-os a reconhecer os distintos sentimentos nos demais, e seus distintos comportamentos. Isto é, educando a sensibilidade. Na prática, significará uma série de perguntas tais, como: "Reparou que seu irmão está muito contente, aborrecido, triste, satisfeito, etc.? Por que será? Está certo? Que outras razões pode haver? Por que seu irmão haverá feito isso?, etc. Além disso, não só se trata de ajudar os filhos a compreenderem seus irmãos, mas também seus companheiros, seus professores e, inclusive, seus próprios pais. Falou-se muito que os pais têm que compreender seus filhos. Mas os filhos também têm que aprender a compreenderem seus pais. E isto é um papel importante de cada cônjuge com os filhos. Isto é, a mãe pode ajudar os filhos a compreenderem seu pai e vice-versa.

A comunicação da compreensão
Segundo o tipo de problema que tem o outro, será necessário: compreendê-lo e mostrar a compreensão; compreendê-lo e não atuar; mostrar preocupação por ele e não esforçar-se por compreendê-lo muito. Tratar-se-á de compreender e não atuar quando o filho é capaz de superar a dificuldade sem ajuda. Pode ser o caso de um menino que se desgostou por uma coisa sem importância e sabe que é consciente de que foi uma bobagem. Prestar excessiva atenção neste momento pode ser contraproducente, porque supõe exagerar algo que o filho quer esquecer rapidamente. Em outros casos, o filho pode superar o problema, mas necessita de um apoio afetivo; necessita saber que alguém está preocupado com ele. Portanto, tampouco se trata de perguntar demasiado. Assim, podemos distinguir entre compreender a pessoa, seus sentimentos e seu comportamento, e compreender o que necessita.
Aqui vamos centrar a atenção na necessidade de sentir-se compreendido. Existem numerosos estudos sobre técnicas de comunicação. Mas tampouco se trata de conseguir que nossos filhos sejam peritos na orientação de seus irmãos e de seus companheiros. Preferimos agora comentar brevemente alguns modos de atuar que podem facilitar o processo, sem pretender aperfeiçoar muito.
- Trata-se de mostrar que alguém compreendeu, não que alguém julgou. Portanto, haverá que cuidar do próprio modo de expressar-se. Trata-se de evitar expressões valorativas e tentar o uso de uma linguagem descritiva. O ser humano se sente compreendido quando a pessoa que o está escutando repete, às vezes com suas próprias palavras, o que explicou, o que contou, mas sem valorizar o conteúdo.
- Trata-se de ajudar o outro a resolver um problema. Portanto, haverá que evitar estabelecimentos predeterminados. O enfoque é: "Vamos ver o que podemos fazer". Não deve ser: "Isto é o que tem que ser feito".
- Para continuar a compreensão, também é necessário tempo e condições adequadas. Trata-se de mostrar afeto e atenção. Isto não pode ser feito adequadamente com interrupções -chamadas telefônicas, etc. Se um irmão maior quiser ajudar um irmão pequeno, certamente será melhor que saiam de casa para dar um passeio ou, pelo menos, que busquem um lugar onde não vai haver interrupções.
- Por último, trata-se de mostrar que um não está "por cima" do problema do outro. Isto é, fazer pensar que, ainda que um compreenda o problema do outro, jamais poderia ocorrer-lhe isso a si próprio. Isto seria uma atitude de superioridade que mostraria, entre outras coisas, a falta de capacidade de compreensão.
Por tudo o que dissemos, ficará claro que a virtude da compreensão é especialmente importante para os pais, mas também para os filhos, sobretudo adolescentes. Porque os filhos podem ser uma ajuda muito eficaz para seus pais, em relação a seus irmãos menores. Às vezes, é difícil para os pais compreenderem o que acontece com seus filhos. Em troca, entre eles se entendem "maravilhosamente". Reconhecer este fato é também compreender.

A compreensão dos demais começa com o esforço de tentar compreender-se a si próprio. Necessitamos estar lutando para superar nossos próprios preconceitos, para evitar sentimentos indignos ou desnecessários que obstaculizam nosso processo de melhora. Conhecendo nossas próprias fraquezas, se trata de evitar as circunstâncias que as provocam, ou pelo menos, preparar-se para não cair outra vez no mesmo sentimento ou no mesmo comportamento. Isto é saber retificar. A retificação pode ser aplicada a atos injustos realizados frente aos demais, mas saber retificar é um ato imprescindível para a compreensão de si próprio. Quando chegamos a reconhecer as principais causas de nossos estados de ânimo ou de nossos próprios comportamentos, é essa compreensão que dá força para buscar a ajuda necessária e voltar a começar.

Entretanto, nunca chegaremos a nos conhecer nem a nos compreender totalmente -muito menos, aos demais- porque o ser humano é um ser misterioso.


Do livro "A educação das virtudes humanas e sua avaliação", de David Isaacs.